Com as mãos
abro as portas do tempo
e descubro:
o meu quarto,
pela cor, pelo cheiro
e pelo meu edredom.
Onde trago, costurada,
uma miçanga dourada
que resolvi bordar,
só para marcar:
o dia em que sangrei,
pela primeira vez,
( tempo em que fiquei moçinha )...
E ali, na bainha,
resolvi fazer um caseado
pra ficar registrado:
o meu primeiro beijo.
E no avesso do meu edredom,
bem perto onde se põe o travesseiro:
costurei um botão.
Desta vez, para me lembrar
que como mulher, terei uma luta maior pela frente:
Em Todos os Sentidos!
Sei disso, desde que sou gente...
Mas o botão, ficou ali costurado de propósito:
com linha Corrente
Só mesmo para que me lembre,
pois pode ser...
Que eu ali me deite e sonhe...